Investigação

Docente do ISEP vence prémio “Innovative Research” em França
22-06-2016

A docente e diretora do curso de Mestrado em Energias Sustentáveis do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), Nídia Caetano, venceu o prémio “Innovative Research”, no âmbito da 6.ª edição da conferência internacional WasteEng, que se realizou entre os dias 23 e 26 de maio, em Albi (França).

Esta distinção foi atribuída ao trabalho sintetizado num poster e apresentação oral subordinada ao tema “Biodiesel from spent coffee grounds by enzymatic catalysis” (em português, “Biodiesel de borra de café por catálise enzimática”. Este trabalho foi o culminar da dissertação de Mestrado em Engenharia Química – Otimização Energética na Indústria Química – de Diana Caldeira, orientada pela professora do ISEP, e realizada nas instalações do Departamento de Engenharia Química (DEQ) e do CIETI (Centro de Inovação em Engenharia e Tecnologia Industrial).

A proposta apresentada por Nídia Caetano, que é também investigadora externa do LEPABE (Laboratory for Process Engineering, Environment, Biotechnology and Energy) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), visa essencialmente a valorização integral da borra de café, numa perspetiva de biorrefinaria. “O objetivo final passa por extrair compostos de valor elevado, como polifenóis ou antioxidantes, depois extrair o óleo e recuperar os açúcares simples que são fermentados a etanol. Com o óleo e o etanol, na presença de enzimas, produz-se biodiesel. No final ainda é possível valorizar a borra extraída, produzindo pellets para queima”, clarifica. Esta filosofia na abordagem de uma qualquer matéria-prima de origem biológica, virgem ou residual, enquadra-se no conceito de biorrefinaria.

A ideia, cuja exploração teve início anteriormente com a realização de uma outra dissertação de Mestrado em Engenharia Química – Tecnologias de Proteção Ambiental – de Vânia Silva, também orientada por Nídia Caetano, revela-se particularmente viável e pertinente, sobretudo se tivermos em conta as quantidades de borra resultantes do consumo existente. De facto, o café é a nível mundial a segunda maior bebida, sendo apenas ultrapassada pela água. No caso de Portugal, e de acordo com a docente do ISEP, por ano consomem-se mais de 43 mil toneladas de café, facto que sustenta a existência de matéria-prima em elevadas proporções com potencial suficiente para ser alvo de aproveitamento.

Com base na proposta de Nídia Caetano, “curiosamente, resolvemos dois problemas, ou seja, ajudamos a cumprir a meta de incorporação de biocombustíveis no gasóleo [o potencial é de cerca de 2500 t/ano de biodiesel], e contribuímos ainda para o respeito das metas de desvio de matéria orgânica da deposição em aterros, de uma forma ambientalmente segura”. Desta forma, “gera-se sustentabilidade e economia circular. Tudo graças à valorização das borras de café”, explica.

A WasteEng2016 contou com mais de 300 participantes de 51 países, afirmando-se como um evento internacional de referência na área dos resíduos e da valorização de biomassa. Na edição deste ano, foram submetidos 480 papers, tendo a maioria incidido nos combustíveis, produtos de valor acrescentado e energia.

Recordamos que Nídia Caetano, que tem mais de 20 anos de investigação neste domínio, é coautora de um artigo com cerca de mil e quinhentas citações na área da utilização de microalgas para a produção de biodiesel e outras aplicações, relacionadas com o conceito de biorrefinaria.