Ana Rita Araújo, formada em Engenharia Química no ISEP e, atualmente, investigadora de no grupo i3B's, da Universidade do Minho, foi distinguida com o Prémio Jovem Biofísico 2021, da Sociedade Portuguesa de Biofísica.

O artigo Vescalagin and castalagin reduce the toxicity of amyloid-beta42 oligomers through the remodelling of its secondary structure, publicado em 2020, reporta a descoberta da capacidade de dois compostos naturais - vescalagina e castalagin - extraídos da cortiça para «controlar, ou eventualmente curar, a doença de Alzheimer».

Ana Rita Araújo explica que se tratam de moléculas bioativas (polifenóis) que conseguem inibir a formação de placas do péptido amilóide-beta que, ao longo do tempo, se acumulam no cérebro e que têm sido reportadas como um dos principais motivos para a neurodegeneração».

Apesar de ainda se encontrar numa fase inicial, esta descoberta poderá permitir a definição de novas estratégias para o tratamento da doença de Alzheimer. «É um trabalho que vem, seguramente, contribuir com novas perspetivas e conhecimento nesta área, o que nos deixa orgulhosos”, refere a investigadora.

O próximo passo será avançar com avaliação da eficácia destes compostos em modelos animais, e, ainda, continuar a procura de moléculas semelhantes, naturais ou sintéticas, com igual ou maior potencial, para serem utilizadas no controlo das características bioquímicas que estão na base da doença.

«Fiquei muito contente por ter recebido esta distinção. Deixa-me particularmente feliz o reconhecimento que o meu trabalho diário no laboratório é útil para a sociedade. Estou motivada para continuar o desenvolvimento de estratégias futuras para o tratamento da doença de Alzheimer, uma patologia devastadora pela neurodegeneração que provoca na pessoa diretamente afetada e pelo impacto psicológico que tem nas pessoas que a rodeiam».

A alumna do ISEP vai apresentar a sua investigação no Congresso da Sociedade Portuguesa de Biofísica, que vai decorrer em junho, em Coimbra, via zoom.