Outro

Alumni.PT: Nuno Coelho
23-09-2020

Nuno Coelho é apaixonado por tecnologia desde os 8 anos. Considera-se um Full-Stack Engineer da tecnologia pois não gosta de se dedicar a apenas uma área. Leciona Segurança Informática no ISLA e no IPCA, é Project Leader na Altran Portugal, Chief Security Architect na NRMC.PT, Data Protecion Officer e consultor pontual da Procuradoria Geral da República e da Polícia Judiciária sobre cibercrime. Integra ainda a equipa de fundadores do projeto Vent2Life, que surgiu no âmbito da Covid-19, para reparação de ventiladores hospitalares.

- Como surgiu o interesse pela engenharia?

A engenharia esteve sempre na minha infância. Era famoso por desmontar tudo o que fosse aparelho lá por casa e ainda mais famoso por não saber voltar a colocar tudo como devia estar. E, por volta dos 8 anos, peguei num aparelho de videocassete Beta Max e consegui reparar. Obviamente sobravam peças, mas não importava. Foi também nesta altura que me comecei a dedicar mais aos primeiros aparelhos informáticos e às modificações de linhas de código para ter vidas infinitas. Era tão natural o meu envolvimento com a tecnologia que levou a que os meus pais olhassem de outra maneira para o que fazia. Não tardaram a vir as contas de 200 contos de telefone gastos com as BBS’s...

- Porque optou por estudar no ISEP?

Desde muito cedo que tinha uma vontade enorme de entrar para o ISEP. Sempre tive uma noção da praticabilidade dos ensinamentos e uma vontade muito grande de ser aluno da casa. O ISEP tem um charme, uma essência de engenharia que é palpável ao passear pelos corredores, laboratórios e auditórios. É uma escola que, agora como adulto percebo, escolhe a dedo os seus docentes e que esse efeito passa para os alunos na forma de preparação para o mundo do trabalho.

- Algum docente ou colega que o tenho marcado durante a formação?

O colega de cadeira e companheiro de aventuras que mais me acompanhou e me ajudou a crescer foi o Emanuel Fonseca. Um amigo e colega espartano que agora está na REN como Data Scientist. O docente que mais me ajudou e sempre valorizou o meu trabalho e o trabalho dos meus colegas foi o Prof. Dr. António Vieira de Castro. Sempre de bom humor, incansável no espírito criativo e crítico, em busca de soluções simples para problemas complexos. Aliás, foi tão importante para a minha formação que me acompanhou na tese de mestrado como orientador e acabei por convencê-lo a repetir a dose no meu percurso doutoral.

- O que destaca do curso de Engenharia Informática?

Não é um simples canudo, é uma mala de ferramentas das mais completas que há e todas são úteis. Não há local em Portugal que não valorize um licenciado ou mestre pelo ISEP. É um curso muito completo, atualizado e vanguardista nas tecnologias que escolhe para os alunos dominarem. Agora já como pessoa que recruta muitas vezes profissionais da área da engenharia, sempre que aparece um ex-aluno do ISEP, sei que vai ser caso de sucesso garantido.

- Que mais valias e competências levou do ISEP para o mundo profissional?

Pragmatismo. O ISEP passa para os alunos uma noção de pragmatismo muito elevada e que nos leva a ganhar capacidade de abstração para desmontar problemas. O equilíbrio criado entre a componente teórica-científica e prática é tão afinada que o aluno ganha uma série de hard skills e soft skills importantes no processo de engenharia de soluções. Ser engenheiro é isso mesmo. É conseguir analisar, concetualizar, desmontar e montar soluções antigas ou aplicar o processo em soluções a desenvolver. Uma evidência desta realidade no ISEP? As certificações EUR-ACE.

- Participou numa TEDx Talk. Como foi a experiência de partilhar o seu know how com o público?

Ir à TEDx da sua cidade natal é o sonho de qualquer seguidor desses eventos. Eu tive o privilégio de falar sobre um tema necessário à altura e muito mais agora, a Segurança Informática. Vi o que acontece quando as coisas ultrapassam todos os limites, o que teve um grande peso nas decisões académicas que tomei. Foi ali que partilhei o que fiz no ISEP, o que continuo a fazer hoje e tudo pelo bem do próximo. Não podemos estar na vida como se fossemos uma ilha e isso é mais um dos ensinamentos do ISEP.

- Nos últimos meses surgiu o Vent2Life. Como surgiu a ideia e como está a correr o projeto?

Estava inserido no Project Open Air quando encontrei o André Machado e o Fernando Afonso com ideias similares à minha para resolver problemas urgentes. Queriam uma plataforma para concentrar pedidos de ajuda/suporte e eu queria reparar ventiladores usados, pois sabia que estavam parados nas alas técnicas dos hospitais. Assim, surgiu a plataforma colaborativa para que a sociedade civil pudesse ajudar a reparar ventiladores e outros equipamentos hospitalares. No dia em que se junta a nós o Exército de Portugal, a Ordem dos Engenheiros, Ordem dos Médicos, universidades e o meu ISEP, foi o dia em que percebi que estávamos no caminho certo. O resultado? Dezenas de máquinas reparadas e um projeto que agora passou para as mãos dos Médicos do Mundo.

- Se tivesse um livre passe para fazer o que quisesse…?

Gostava de fazer uma estadia nos laboratórios da Apple durante três meses ou assistir a todas as antestreias dos filmes StarWars!

- Que mensagem gostava de deixar aos futuros engenheiros do ISEP?

A mensagem da perseverança, da insistência, do pragmatismo e da ciência. O homem sonha, os astros alinham-se a obra nasce.