André Martins é engenheiro de pavimentações e diretor de Centro de Produção Industrial, em Cabo Verde. Formou-se em Engenharia Geotécnica e Geoambiente e voltou, recentemente, ao ISEP para o XVIII Encontro de Engenheiros Geotécnicos. Gosta de viajar, ir a concertos, praticar desporto e está a aprender a tocar guitarra. Vive com a máxima “gentileza gera gentileza” e já tem planos para voltar a Portugal. A aventura em África já conta sete anos mas, antes de retornar a casa, quer experimentar e conhecer novos países.
- Porque escolheu o ISEP para estudar?
Pretendia ingressar numa área da engenharia ligada à geologia e o curso de Engenharia Geotécnica e Geoambiente, que só existia no ISEP, rapidamente se tornou uma opção. Também escolhi o ISEP pelas boas referências que colegas mais velhos me deram, pelo prestígio, história e pela forte componente prática. Foi a minha primeira opção!
- Como recorda os primeiros dias no Instituto?
Algo atribulados por tudo ser novidade. Cidade nova, escola nova, colegas e professores novos… e como estava a trabalhar, era tudo correr. Lembro-me bem do nervosismo que sentia nos primeiros dias de acolhimento, onde todos os locais estavam cheios de gente e o barulho das praxes se ouvia por todo o lado.
- Algum colega ou docente que o tenha marcado durante a formação?
Muitos colegas e amigos, obviamente, marcaram-me, alguns com quem tive o prazer de trabalhar mais tarde. Todos os docentes foram importantes, mas destaco os meus orientadores da dissertação de mestrado, o Doutor Helder Chaminé e a Doutora Maria José Afonso, incansáveis não só no acompanhamento do meu trabalho, mas também em tantos outros aspetos do meu percurso académico. Lembro também a paixão com que os engenheiros José Fernandes e João Falcão davam aulas, cada um ao seu estilo. Essa forma inspirava em nós, alunos, a máxima admiração por eles e interesse nas matérias. Eu e os meus colegas ainda hoje falamos sobre isso.
- Do que mais sente saudades do tempo de estudante?
Das noitadas de estudo no edifício C em época de exames e das festas!
- Desde 2013, assume responsabilidades fora de Portugal. Como foi a integração num país diferente?
A integração foi muito difícil pois Moçambique é um país muito pobre e onde falta um pouco de tudo. A empreitada era numa zona remota... foi muito difícil, vivia, literalmente, no meio do mato. A única motivação era terminar a obra. Acabei por lá permanecer durante 3 anos. No início de 2016, rumei a Cabo Verde e a adaptação foi muito mais fácil. Trata-se de um país onde os hábitos e modo de vida da população são mais próximos da Europa do que da África continental. Para além disso, estou na capital, onde se consegue ter um dia-a-dia semelhante ao que estamos habituados em Portugal.
- O que mais o motiva e valoriza no seu trabalho?
O que mais me motiva é aquele momento em que se termina um projeto que corre bem e já se está na perspetiva de abraçar um novo desafio. O que mais valorizo são as pessoas, elas são o ativo mais importante de qualquer organização.
- Qual é o seu maior sonho e maior medo?
O meu maior sonho não é extraordinário, é conseguir viver de forma tranquila, junto dos meus, com saúde e alegria, aproveitando de forma positiva a viagem que é a vida. O meu maior medo... é o medo de morrer, ainda não me habituei à ideia de que um dia acontecerá, não quero!
- Se pudesse mudar algo no mundo...?
Não consigo indicar uma só coisa. Mudaria mentalidades e alguns líderes políticos. Vivemos tempos em que as mudanças têm de acontecer já, principalmente no que diz respeito a questões ambientais.
- Que mensagem gostava de deixar aos futuros engenheiros do ISEP?
Vivemos numa era global, extremamente competitiva e, que, por esse motivo, não devemos ter receio em sair da zona de conforto. É nos momentos difíceis que mais podemos evoluir e crescer.