O Grupo de Investigação em Engenharia e Computação Inteligente para a Inovação e o Desenvolvimento (GECAD), do ISEP, está a trabalhar no projeto BeNeFiCE (Gestão de Recursos em Edifícios para Flexibilização da Potência Contratada), com o objetivo de promover a redução da fatura energética. Para além disso, pretende-se a maximização da integração de recursos de energia renovável e a implementação de soluções para carregamento de veículos elétricos.

Atualmente, existe uma lacuna no setor elétrico português, quer técnica, quer legislativa e regulamentar, para permitir que os consumidores possam deter um contrato de potência (PC) dinâmica. Assim sendo, “este projeto propõe o estudo e desenvolvimento de modelos de gestão de recursos energéticos, com o intuito de identificar as potencialidades nos modelos de gestão de carga e da geração, tendo em vista uma PC dinâmica e mantendo a estabilidade no consumo de eletricidade dos edifícios residenciais”, explica Sérgio Ramos, investigador colaborador do GECAD e docente do Departamento de Engenharia Eletrotécnica do ISEP.

Em paralelo, sabe-se que cada pessoa singular ou coletiva que compra energia para utilização própria, de uma fração inserida num edifício coletivo, loteamento, urbanização ou conjunto de edifícios privados realiza um contrato de fornecimento de energia elétrica em baixa tensão com uma entidade comercializadora de energia elétrica. “Por exemplo, num edifício seletivo, constituído por 20 frações de habitação, em regra, existem 21 contratos de fornecimento de energia elétrica em baixa tensão, uma para cada fração e um para os serviços comuns do edifício. No entanto, e atendendo à simultaneidade de utilização da potência nas várias instalações, verifica-se que a potência em utilização no edifício é muito inferior ao somatório das potências individuais contratadas. Neste sentido, a agregação de clientes num único contrato global pode permitir uma diminuição muito significativa no valor da potência contratada, face ao somatório das potências contratadas individuais”, destaca o docente Sérgio Ramos.

O BeNeFiCE, além de propor a agregação de contratos individuais num único consumidor de eletricidade, explora também modelos de negócio e estruturas de mercado para o uso intensivo e eficiente dos recursos energéticos distribuídos nos edifícios residenciais, considerando a interação com mercados retalhistas. O projeto também cria uma visão orientada a serviços para permitir o envolvimento dos pequenos players no ambiente de mercado de energia. Deste modo, os estudos referentes à gestão integrada de recursos nos edifícios, à existência de uma única potência contratada por edifício e à agregação de um maior número de consumidores que resultam deste projeto visam a promoção da eficiência dos recursos (geração, consumo, armazenamento) através dos sistemas digitais.

“Os principais resultados esperados com o projeto são a redução de custos energéticos nas instalações, a contribuição para a eficiência energética, a promoção da utilização do veículo elétrico, assim como a autoprodução com base em energias renováveis”, acrescenta o Professor Sérgio Ramos. O projeto BeNeFiCE iniciou-se em 2018 e prolonga-se até 2021, beneficiando de um financiamento superior a 230 mil euros, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).