Investigação

BioMark trabalha em novos dispositivos para diagnóstico precoce do cancro
09-08-2017

O BioMark/ Sensor Research, grupo de investigação do ISEP, está a trabalhar atualmente em dois novos projetos de investigação relacionados com a deteção do cancro. O CANCER e o RAMSERS visam, com recurso a dispositivos diferentes, o diagnóstico precoce dos vários tipos de cancro.

Com um financiamento total de 256 mil euros, ao abrigo do NORTE 2020, o projeto CANCER (em inglês, Advancing Cancer Research: From Basic Knowledge to Application) perspetiva a análise do cancro na sua plenitude, ou seja, a produção de conhecimento que permita perceber tudo sobre a doença, percorrendo este processo desde a sua instalação, ao seu diagnóstico e ao seu tratamento.

O contributo do BioMark/Sensor Research neste contexto passa pelo desenvolvimento de novos biossensores para o cancro, com uma abordagem diferenciadora. Neste caso, a ideia incide na produção de um dispositivo semelhante a uma tira de urina, constituída aqui por materiais recicláveis que capturam as moléculas associadas à doença. Este dispositivo deve permitir a realização de um teste de diagnóstico em poucos minutos. A este nível, as vantagens incidirão na simplicidade e rapidez do método de deteção.

O projeto CANCER arrancou oficialmente em maio do ano passado e prolonga-se até abril de 2019. O projeto é liderado pelo Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) do I3S, conta com a parceria do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), para além do ISEP.

Por sua vez, o RAMSERS tem por objetivo principal o desenvolvimento de um novo equipamento Raman que possa ser utilizado na deteção de biomarcadores de cancro da mama, uma abordagem que se vislumbra com elevada sensibilidade.

Com um orçamento de cerca de um milhão de euros, o RAMSERS explora a tecnologia Raman, que hoje em dia é já utilizada no diagnóstico do cancro da pele. Esta tecnologia é poderosíssima, uma vez que é capaz de detetar uma só molécula presente na amostra, algo precioso quando se procura aquela biomolécula que indica a presença de cancro entre milhões de outras biomoléculas que nada têm a ver com a doença. Em suma, espera-se que os resultados sejam muito sensíveis e (quase) sem erros.

O RAMSERS é liderado pela empresa SARSPEC e conta com a parceria do ISEP, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e do Instituto Superior Técnico (IST). Este projeto iniciou em 2016 e terminará em 2019, contando ainda com o apoio da Universidade de Vigo.

Estes dois projetos não são os únicos em que o BioMark/Sensor Research se dedica à investigação com foco no cancro. Convém recordar os seguintes: o 3P’s (plastic antibodies, photovoltaics, plasmonics) debruça-se sobre a aposta no uso de células fotovoltaicas que, uma vez modificadas com anticorpos plásticos, vão usar os princípios subjacentes ao sistema imunitário para detetar a presença de biomarcadores associados à doença sem requerer a uma fonte de energia, assemelhando-se na prática a um teste de gravidez; o Symbiotic versa o desenvolvimento de um outro dispositivo inovador que envolve células de combustível como fonte de energia.