No próximo dia 8 de outubro, pelas 16h00, vai decorrer uma sessão dos ISEP Webinars, organizada pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).
Este seminário, apresentado por Jaime Silva, tem como tema “Os desafios incomensuráveis da IA na educação”.
Para aceder ao seminário, pode clicar aqui.
Resumo
Justin Reich, Diretor do MIT Teaching Systems Lab, escreve no relatório “A Guide to AI in Schools” que determinar quão útil a Inteligência Artificial (IA) poderá vir a tornar-se é semelhante a elaborar um guia para o desenvolvimento da Aviação em 1905, apenas dois anos depois de os Irmãos Wright terem lançado o seu primeiro avião. É realmente difícil compreender de que forma a IA (em particular a IA Generativa baseada em Large Language Models — LLM) pode, ou deve, ser utilizada na Educação. Os LLM são softwares muito peculiares, que recorrem a grandes bases de dados para fornecer aos utilizadores respostas que podem ser perfeitas ou completamente erradas. É notoriamente difícil compreender porque funcionam sem conhecimento de Estatística, uma das ferramentas mais importantes e, simultaneamente, mais difíceis de dominar nos tempos atuais. Stephen Wolfram utilizou um LLM em combinação com o Wolfram Alpha para fornecer respostas poderosas aos utilizadores, mediante pagamento. Outros têm feito experiências semelhantes, como nos casos do GeoGebra e da Khan Academy. Será este o caminho a seguir? Alguns previram que a Educação poderá ser totalmente automatizada e capaz de atender às necessidades individuais de cada estudante. Outra questão difícil é: se a IA vier a resolver a maioria (ou até a totalidade) dos problemas, o que precisaremos de estudar na escola no século XXI? Estas discussões lembram, de forma curiosa, os debates travados no século XIX em torno do ensino do cálculo e do uso de dispositivos mecânicos (como o Aritmómetro). Um pedagogo francês célebre escreveu que “devemos banir cuidadosamente das escolas essas invenções modernas que, sob o pretexto de progresso, isentam a criança de refletir, pensar e falar” e que “os meios mais adequados para tornar as lições de aritmética intuitivas são os dez dedos, o quadro e um pedaço de giz.”. Sendo o desafio insondável, avançaremos, ainda assim, com algumas ideias sobre a forma como o poderemos enfrentar.
Referências
Julie M. Smith, Jesse Dukes, Josh Sheldon, Manee Ngozi Nnamani, Natasha Esteves, and Justin Reich (2025).
A Guide to AI in Schools: Perspectives for the Perplexed. Retrieved from https://tsl.mit.edu/ai-guidebook/
Stephen Wolfram (2023), "Wolfram|Alpha as the Way to Bring Computational Knowledge Superpowers to ChatGPT," Stephen Wolfram Writings. writings.stephenwolfram.com/2023/01/wolframalpha-as-the-way-to-bring-computational-knowledge-superpowers-to-chatgpt
Carvalho e Silva, Jaime (2025). Computational thinking versus artificial intelligence in mathematics teaching. International Journal of Mathematical Education in Science and Technology, 56(8), 1426–1437. https://doi.org/10.1080/0020739X.2025.2496695
Bio
Jaime Carvalho e Silva nasceu em Coimbra, Portugal, Doutor em Matemática, em Equações Diferenciais Parciais. É Professor Associado na Universidade de Coimbra. Estudou na “Universidade de Paris 6” e foi investigador visitante na “Arizona State University”, nos Estados Unidos da América (EUA). Orientador principal de estudantes de Mestrado e Doutoramento em Matemática Pura, Educação Matemática e História da Matemática.
Coordenou várias comissões responsáveis pela elaboração dos programas de Matemática utilizados no Ensino Secundário em Portugal (10.º ao 12.º ano), incluindo novas disciplinas como “Matemática Aplicada às Ciências Sociais”, “Matemática para Estudantes de Artes” e módulos de Matemática para escolas profissionais. Coordenou ainda um grupo que, em 2020, produziu um relatório com recomendações para a melhoria do Ensino da Matemática em Portugal, a pedido do Governo Português.
Foi Member-at-Large do Comité Executivo da ICMI — International Commission on Mathematical Instruction — entre 2006 e 2009, e Secretário-Geral da ICMI de 2010 a 2012.
