Estudar

Alumni.PT: Miguel Pinto
04-08-2021

Miguel Pinto é Managing Director na Continental Advanced Antenna Portugal, empresa com cerca de 560 colaboradores. Escolheu o ISEP para estudar na Licenciatura em Engenharia Mecânica e sempre teve um papel muito ativo na defesa dos interesses e direitos da comunidade estudantil. O alumnus foi presidente da Associação de Estudantes do ISEP (aeISEP) e da Federação Académica do Porto (FAP). Do ISEP, destaca o ambiente familiar e a componente prática da formação, que muito contribuiu para o seu percurso profissional de sucesso. Nos tempos livres, gosta de ler poesia, viajar e jogar golfe. 

- Como surgiu o interesse pela Engenharia?

O interesse em engenharia surge a partir dos 15 anos, pelo meu gosto pelos automóveis e todas as atividades motorizadas, em particular F1 e rally. Nesse momento, decidi candidatar-me para fazer o 10.º ano na Escola Infante D. Henrique no Porto, em Mecanotecnia.

- O que distingue o ISEP de outras instituições de ensino?

O ISEP sempre teve uma forte componente prática (a par, naturalmente, da componente teórica), que me ajudou ao longo da minha vida profissional. Ao contrário de outras instituições de ensino superior em que apenas existia uma lógica letiva profundamente teórica, no ISEP sabíamos o que era um torno, uma fresadora ou uma máquina de CNC, por experiência própria e não apenas por imagens em livros. Outro aspeto chave da minha formação no ISEP, foi a forma como os professores vestiam a "camisola", pois sempre me senti parte de uma grande família.

- Do que mais sente saudades do tempo de estudante?

Sinto saudades do companheirismo que sempre existiu entre os colegas e amigos e que ainda hoje se mantêm (todos os anos fazemos um jantar de ex-dirigentes associativos). Sinto, também, muitas saudades das atividades académicas e de ter tempo para aprender!

- Teve um papel muito ativo na defesa dos interesses e direitos dos estudantes. Como foi a experiência de estar na linha da frente de associações como a aeISEP, FAP e FNAEESP?

Foi uma experiência única! Naquela altura defendíamos aquilo em que verdadeiramente acreditávamos numa lógica de interesse comum a todos os estudantes das instituições de ensino. Estive na primeira linha do debate político no Ministério da Educação que permitiu obter as licenciaturas para os politécnicos, sendo que, ao mesmo tempo, fazíamos manifestações nas ruas com a exigência do fim das propinas. As associações de estudantes e académicas naquele tempo tinham um discurso fortemente "politizado" (não partidário) que, a par com a sua atividade mais lúdica, preenchia, por completo, os dias dos dirigentes associativos (e que me levou a demorar bastante tempo a concluir o meu curso). No entanto, sempre dei por bem empregue o tempo que investi nestas atividades, pois permitiu-me desenvolver muitas competências úteis para o meu futuro.

- Se fosse hoje, voltava a escolher o mesmo curso? Ou que formação gostava de completar a Engenharia Mecânica?

Sim, escolheria o mesmo curso, mas complementado por um MBA (que alias foi o que fiz). O bacharelato em Engenharia Mecânica permitiu-me ter uma visão geral das "cadeiras" base da engenharia e o gosto por apreender ao longo da vida. Com o MBA, consolidei as ferramentas de gestão de recursos e pessoas.

- Que conhecimentos e experiências levou do ISEP para o mundo profissional?

A principal aprendizagem que levei do ISEP, conforme já referi, foi o gosto por aprender ao longo da vida, já que ainda hoje continuo a fazer formação complementar e continuo a devorar livros e revistas sobre vários temas (Engenharia, Gestão, Ciências Sociais). Por outro lado, levei o saber fazer, pois a aprendizagem com uma forte componente prática que tive no ISEP, ajudou-me a ultrapassar muitas dificuldades da vida profissional. A resiliência e a inteligência emocional foram-me ensinadas pelo trabalho associativo que desenvolvi ao longo de quatro anos no Instituto.

- Que desafios encontra na Engenharia Mecânica dos nossos dias?

A Engenharia Mecânica enfrenta inúmeros desafios... A velocidade a que o conhecimento se torna obsoleto, em particular, nas áreas mais tecnológicas, como a Engenharia. É muito importante que os currícula dos cursos de Engenharia se vão ajustando às novas tecnologias e ao novo conhecimento state of the art a cada momento. O desafio da 4.º revolução industrial Industry 4.0, em que a digitalização da estrutura económica vai pautar a indústria nestes próximos anos e que vai necessitar de engenheiros multiskilled e capazes de resolver problemas cada vez mais complexos.

- Que mensagem gostava de deixar aos futuros engenheiros do ISEP?

Que sejam curiosos, que arrisquem, que tenham uma procura constante em saber mais, não só a nível técnico, como ao nível das soft skills. Pois, além dos conhecimentos técnicos que o ISEP nos ensina e nos serve de alicerces, temos de desenvolver também as nossas competências soft, em particular, a inteligência emocional, a liderança, a capacidade de trabalho em equipa e a resiliência como complemento para poderem consolidar a sua carreira profissional.