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SOMOS ISEP: Gilberto Pinto
03-04-2019

Gilberto Pinto é uma das caras mais conhecidas do Departamento de Engenharia Química e um entusiasta pelo mundo da literatura. Não dispensa uma corrida à beira-mar ou um passeio com o seu fiel pinscher mas também confessa apreciar os momentos de silêncio e tranquilidade no sofá. Depois de romances e livros de contos, o seu nome voltou, recentemente, à ribalta com a publicação do primeiro policial. 

- Porque escolheu o ISEP?

Como aluno, por ter ouvido falar de ser uma boa escola de engenharia; como professor, pelo enorme prazer de regressar a uma casa que muito me ajudou a crescer enquanto Homem.

- Como recorda os primeiros tempos no Instituto?

Recordo o companheirismo, o sentimento de pertença a algo maior que eu, o perfume do conhecimento que andava sempre pelo ar, o medo de falhar e a alegria da missão cumprida. Já como professor, a ânsia de fazer tão bem como quem me tinha ensinado havia feito.

- O que mais lhe fascina no curso que escolheu para primeira formação? E o que distingue o curso que leciona atualmente?

Um dia, séculos atrás, quis ser bioquímico; depois fascinou-me um herói chamado MacGyver, coisa que aconteceu pouco antes de me aperceber que os engenheiros conseguiam mudar a realidade, assim como se fosse uma espécie de magia. Quando consegui levar a cabo a síntese de uma grama de ácido acetilsalicílico, pareceu-me vislumbrar o trilho de um alquimista – assim como a tal espécie de magia.O curso que leciono atualmente é o mesmo – embora tão diferente daquele que comecei, como acontece com tudo sujeito à metamorfose do tempo e à cruel segunda lei da termodinâmica (que talvez sejam, afinal, a mesma coisa).

- Que aspetos diferenciam o ISEP das outras instituições?

Proximidade entre a gente que o habita e a enorme preocupação dos professores para com os alunos.

- Qual o melhor canto e recanto desta casa?

As salas da biblioteca nos dias cinzentos de inverno (que cada vez são mais raros) e os pedaços de relva da entrada de Química nos dias de glorioso sol (que cada vez mais abundam).

- Alguma sugestão para o Instituto crescer ainda mais e ficar mais próximo da comunidade ISEP?

Olharmos muito mais para além da Engenharia para que a Engenharia seja vista com a importância que merece.

- Quer partilhar algum episódio caricato que decorreu no ISEP?

Episódio caricato, não recordo. Mas lembro o tempo em que nós, alunos, parámos um comboio em S. Bento quando travávamos batalhas contínuas contra a integração no subsistema Politécnico. Acabámos por perder essa guerra, mas ganhámos outra bem mais importante – a gravação perene na alma de que nunca nos podemos resignar, mas sim lutar até ao limite das nossas forças pelo aquilo em que acreditamos.

- Numa palavra, o que significa o ISEP para si?

Casa.

- A que atividades a que se dedica além de lecionar?

À escrita. Escrevo ficção. Romance, sobretudo. Saiu agora o meu último, A Rapariga Que Veio do Frio, um thriller-policial-tão-terrivelmente-empolgante-que ninguém-pode-deixar-de-ler (e comprar - LOL).

- Qual a receita para se lidar com a azáfama do quotidiano?

A pergunta, como tantas outras, leva-me aos estoicos, e aqui, em concreto, a Epiteto – algumas coisas estão sob nosso controle, outras não. Só depois de lidar com essa questão fundamental e aprendermos a distinguir entre o que podemos e o que não podemos controlar, é que a tranquilidade interna e a eficácia externa se tornam possíveis.

- - Qual o segredo para o sucesso?

Ignorá-lo por completo em tudo o que fazemos, fazendo tudo pela Coisa em si e não pelo valor que os outros à Coisa dão.