Com 21 anos, Sofia Porfírio é finalista na Licenciatura em Engenharia de Sistemas, no ISEP. Natural do concelho de Boticas, mas a viver atualmente em Vila Nova de Gaia, a estudante tem vindo a destacar-se no exigente mundo dos desportos motorizados, nomeadamente nas modalidades de Enduro e Trial. Com algumas conquistas de relevo no currículo, o sonho é chegar o mais longe possível, talvez aos tórridos desertos onde decorre a emblemática prova do Dakar.
Certo é que, para já, Sofia está a ganhar nome no panorama nacional. Esta temporada conquistou o 3.º lugar no Nacional de Enduro, na classe feminina – prova que mais prazer lhe dá devido aos elevados níveis de adrenalina –, e ocupa o 2.º lugar no Nacional de Trial Outdoor. No entanto, os seus feitos não se ficam por aqui, tendo participado em setembro último, no Trial das Nações, que teve lugar em Baiona (Galiza, Espanha), onde representou Portugal e ficou no top-10 de equipas femininas. Para além disso, já venceu, por duas vezes consecutivas, o campeonato Luso-Galaico (em 2014 e 2015).
Mas para perceber como tudo começou é preciso recuar à infância da estudante. “Esta paixão surgiu através do meu pai, que sempre esteve ligado a este mundo e incentivou-me a participar. Estou nestas competições desde 2010, onde participei na minha primeira prova no Campeonato Nacional de Trial. Mais tarde, numa brincadeira [que acabaria por se tornar em algo sério], decidi começar a praticar Enduro, em 2012”, conta.
O Trial e o Enduro são desportos complicados e, por norma, associados a homens. Sofia Porfírio contradiz este ‘mito’ e não se deixa menorizar, salientando também que a modalidade tem registado um ligeiro, contudo ainda insuficiente, crescimento ao nível de captação de atletas do género feminino. Como única estudante de Ensino Superior em Engenharia em competição, nem sempre é fácil conciliar os dois mundos. “É um pouco difícil, mas consegue-se fazer tudo se for muito bem organizado. Durante a semana, em tempos de aulas, andar de mota é raro, só quando tenho uma tarde ou dia livre. Nos fins de semana, aproveito ao máximo para andar de mota”, explica.
Apesar dos obstáculos inerentes ao estudo e à pratica de modalidades que exigem muitos gastos, Sofia segue convicta de que este é o caminho pelo qual quer enveredar. “Neste desporto a maior dificuldade que se encontra é a nível monetário, porque implica muitos gastos… o Enduro é caro, e quando se quer muito tem que se ir a trás de apoios para fazermos aquilo que mais gostamos. A verdade é que nem toda a gente está disposta a ajudar, mas os que me ajudam é sempre algo muito especial, pois no final existe um retorno muito grande”, salienta.
Na qualidade de estudante de Engenharia de Sistemas, Sofia também não tem dúvidas quanto à escolha que tomou em relação ao curso, afinal até consegue antever proveitos vindouros para a sua carreira desportiva. “Engenharia de Sistemas tem tudo para o que eu preciso para este desporto. A partir deste curso, posso tirar partido de muita coisas no futuro nesta área das motas”, remata a jovem.