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165 Anos em Revista: Instituto Politécnico do Porto
24-11-2017

Com uma história rica e vasta, mas sempre de olhos postos no futuro, o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) celebra o seu 165.º aniversário. Tratando-se dum marco incontornável, decidimos assinalar a data com o lançamento da rubrica “165 Anos em Revista”. Até ao final do ano, serão revelados factos, curiosidades e personalidades pouco (ou nada) conhecidos no seio da instituição. Convidamos toda a comunidade a enveredar numa viagem sem igual a um passado que, por vezes, se confunde com o da própria cidade do Porto.

A proposta de criação do Instituto Politécnico do Porto no século XIX

Naquela altura, em pleno século XIX, o Porto começava a fervilhar no seio do mundo académico. Então, assumiam relevo duas escolas, nomeadamente o Instituto Industrial do Porto (que surge na génese do ISEP) e a Academia Politécnica do Porto (APP). Como é sabido, ambas as instituições partilhavam o mesmo edifício, docentes, laboratórios e gabinetes, pelo que surgiu uma interessante proposta no sentido de fundi-las numa só.

Em 3 de fevereiro de 1882, o Conselho Académico da APP enviou uma carta ao rei D. Luís I com o projeto da criação do “Instituto Politécnico do Porto”. Entre os argumentos apresentados para a implementação de uma Escola Superior Técnica constam os seguintes: a urgência de reformas do ensino da época e o índice populacional elevado da região Norte de Portugal. Para além disso, a APP defendia que a coexistência de duas instituições num mesmo edifício levantava obstáculos para um maior desenvolvimento, pretendendo-se um melhor aproveitamento das potencialidades de cada uma.

Embora esta proposta surgisse como ideal aos olhos dos responsáveis da APP, o Conselho Escolar do Instituto Industrial do Porto não partilhava da mesma opinião. Chamado a emitir um parecer, o professor Guilherme de Parada e Silva Leitão apresentou a seguinte posição:

                        “(…) O Conselho Escolar agradece ao Conselho da Academia o convite que por este lhe foi dirigido para emitir a sua opinião sobre o projecto, já completamente organizado, de fusão da mesma Academia e a este Instituto Industrial em um só estabelecimento, resolve responder que rejeita a ideia fundamental do mesmo projeto, reservando-se a faculdade de motivar o seu voto perante as instâncias superiores (…).”

Posto isto, a proposta de criação do IPP acabaria por não se concretizar. É de salientar, a este nível, que os membros do Conselho Escolar do Instituto Industrial do Porto pretendiam, acima de tudo, continuar a dar o seu melhor pelo ensino profissionalizante, o qual servia os interesses dos industriais e comerciantes da cidade do Porto. Este facto consubstancia mesmo que a existência de duas escolas tão importantes na Invicta, durante o século XIX, foi de extrema importância para as atividades económicas emergentes.