O projeto eCity, financiado pela União Europeia (EU) e sob coordenação do GILT (Games, Interaction and Learning Technologies) do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), culminou na produção de uma metodologia pedagógica inovadora: a criação de uma cidade virtual para a resolução de problemas associados a engenharia.
O estudo de disciplinas no domínio das Ciências e Tecnologias suscita dificuldades nos estudantes. Um pouco por toda a Europa tem-se procurado contrariar esta tendência. De tal forma que, hoje em dia, o eCity é um software educativo oficial na Grécia e na Turquia e integra também o conjunto de recursos Scientix – a comunidade para a Ciência e Educação na UE.
Num contexto de aprendizagem baseada em problemas PBL (Problem Based Learning), o principal objetivo do projeto passou por implementar um jogo baseado num mecanismo de simulação, capaz de despertar o interesse para o mundo da engenharia e ensinar de forma lúdica. “O eCity tem dois públicos-alvo: por um lado, estudantes de engenharia que pretendam aprofundar conhecimentos na área; por outro, estudantes do Ensino Secundário, para que tenham uma noção mais real e concreta do que é a engenharia”, afirma o investigador do GILT e docente do ISEP, Carlos Vaz de Carvalho.
O eCity conta com mais de 75 mil downloads a nível mundial e está disponível gratuitamente para todos os potenciais interessados. A plataforma criada possibilita a realização de trabalhos a título individual ou em grupo, atividades curriculares, competições extracurriculares, bem como a elaboração de grandes ou pequenos projetos. Disponível em diversos idiomas – Português, Inglês, Italiano, Espanhol, Turco ou Grego –, o jogo dispõe de várias funcionalidades, incidindo na resolução de problemas de poluição, desastres naturais ou em provisões básicas para uma cidade como energia e água.
“O projeto terminou em dezembro de 2015, portanto ainda está um pouco fresco. Imediatamente a seguir, lançamos a versão 1.5, que tem como principal caraterística a inclusão de um programa de edição, permitindo que professores e utilizadores possam também criar os seus próprios problemas”, conta Carlos Vaz de Carvalho, acrescentando: “Agora, e fora do âmbito do projeto, já está a ser desenvolvida a versão 2.0, que visa atingir o mercado dos tablets [caraterística ausente nas edições precedentes]. No fundo trata-se de uma evolução do eCity, cujas diferenças verificar-se-ão mais a nível funcional e também de alguns conceitos.”
Em Portugal, “produto já foi utilizado por várias escolas. Noutro âmbito [e além-fronteiras], o interesse no projeto é tal que já existe um grupo de Youtubers que se dedica à produção de vídeos tutorais para mostrar como funciona o jogo”, informa o investigador do GILT. “Também foram produzidos uma série de guiões para os professores com o intuito de explicar como podem usar o jogo para motivar e aplicar nas salas de aula”, salienta.
De modo geral, “estamos num patamar muito acima daquilo que esperaríamos, algo pouco usual em termos de um produto resultante de um projeto europeu”, remata o docente Carlos Vaz de Carvalho. No projeto eCity estiveram também envolvidos os seguintes parceiros: Virtual Campus (Portugal); University of Thessaly (Grécia); Universidad de Vigo e Universitat de València (Espanha); Fondazione Ikaros (Itália) e Aya Naime Ali Karatas Cok Programli Lisesi (Turquia).