Um grupo do ISEP, coordenado pelos docentes Diogo Ribeiro e Jorge Magalhães-Mendes – do Departamento de Engenharia Civil (DEC), está a desenvolver um projeto que incide na avaliação da integridade estrutural de duas pontes ferroviárias metálicas da Linha do Tâmega. Os trabalhos decorrem com o apoio da Câmara Municipal de Amarante (CMA) e em parceria com as Infraestruturas de Portugal.

O projeto surgiu de um contacto estabelecido pela CMA no âmbito dos estudos para a reconversão do canal ferroviário outrora ocupado pela Linha do Tâmega, a qual estabelecia uma ligação de 51,7 quilómetros entre a estação da Livração, na Linha do Douro, e a estação de Arco de Baúlhe. A sua desativação, em 2009, causou um impacto significativo na mobilidade das populações locais na medida em que ficaram desprovidas de transportes ferroviários.

“Atualmente, a CMA equaciona a possibilidade de requalificação da linha, no troço que une a Livração a Amarante, com uma extensão de aproximadamente 14 quilómetros, sobretudo, para fins turísticos. Para o efeito, um dos aspetos essenciais consiste em garantir a operacionalidade e segurança das pontes metálicas existentes sob ação de tráfego ferroviário”, explica o docente do DEC/ISEP, Diogo Ribeiro.

Os objetos de avaliação do projeto são as pontes metálicas centenárias da Baia e de São Lázaro. O principal objetivo reside no desenvolvimento de um modelo numérico de cada ponte capaz de simular o comportamento estrutural atual tendo em conta o seu estado de conservação, a ser utilizado em posteriores estudos de viabilidade e reforço estrutural. Para o efeito, os modelos numéricos serão calibrados com base em informação experimental resultante de ensaios a realizar às pontes. Desta forma, pretende-se que quaisquer intervenções que venham a ocorrer nestas pontes sejam sustentáveis e económicas, tendo em vista a otimização do número e tipo de solicitações a que estão sujeitas, bem como das quantidades de materiais e mão-de-obra a utilizar.

Numa perspetiva mais abrangente, este projeto é direcionado estrategicamente para a requalificação das linhas ferroviárias desativadas, as quais existem em número significativo na Rede Ferroviária Portuguesa. Neste contexto, o projeto poderá permitir a replicação de estratégias, procedimentos e soluções de conservação e manutenção em diversas obras de arte da ferrovia nacional.

“Trata-se de um projeto que julgamos ser inédito e que poderá potenciar as valências técnico-científicas do DEC-ISEP. De salientar, que este trabalho reverterá favoravelmente, ainda que de forma indireta, para a população de Amarante, uma vez que os estudos técnicos em curso se enquadram no plano mais vasto da eventual requalificação da Linha do Tâmega”, remata Diogo Ribeiro.

O estudo teve início em janeiro e tem data prevista de término para dezembro deste ano. A par dos docentes anteriormente mencionados, o grupo inclui um colaborador externo ao ISEP (Bruno Costa), duas estudantes do Mestrado em Engenharia Civil (Cláudia Oliveira e Sandra Queirós) e uma colaboradora do CIDEM (Débora Santos).