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165 Anos em Revista: Magalhães Lemos
19-12-2017

Com uma história rica e vasta, mas sempre de olhos postos no futuro, o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) celebra o seu 165.º aniversário. Tratando-se dum marco incontornável, decidimos assinalar a data com o lançamento da rubrica “165 Anos em Revista”. Até ao final do ano, serão revelados factos, curiosidades e personalidades pouco (ou nada) conhecidos no seio da instituição. Convidamos toda a comunidade a enveredar numa viagem sem igual a um passado que, por vezes, se confunde com o da própria cidade do Porto.

Vida e obra de mérito dedicadas à Psiquiatria e Ensino

António de Sousa Magalhães e Lemos, ou simplesmente Magalhães Lemos como ficou comummente conhecido para a posteridade, nasceu em Felgueiras, em 1855. O seu nome ainda hoje é célebre a nível nacional e internacional devido aos seus inegáveis contributos, sobretudo, para a área da Psiquiatria. Protagonista de diversas obras e distinções interessa contar a sua história, uma vez que foi durante mais de 40 anos docente no Instituto Industrial e Comercial do Porto (IICP), uma das escolas precursoras do ISEP.

Magalhães e Lemos frequentou a Escola Médico-Cirúrgica do Porto, onde obteve com mérito o seu diploma, em outubro de 1882, após a apresentação e defesa da dissertação inaugural: “A Região Psychomotriz: apontamos para contribuir ao estudo da sua anatomia”. Passados alguns anos, foi nomeado médico-ajudante no, então, recém-criado Hospital Conde de Ferreira, onde mais tarde assumiu funções como médico-adjunto e, inclusive, de diretor.

Em fevereiro de 1887, foi apontado como Lente Auxiliar da 2.ª Cadeira – Rudimentos de physica, de chimica e de eletrotechnia no IICP, instituição a que ficou ligado até 1929. Durante esse largo período, e no âmbito da reforma do ensino industrial levada a cabo no início do séc. XX, lecionou ainda outras disciplinas, como Botânica Industrial; Zoologia Industrial; Hygiene Geral e Colonial; Prophylaxia Internacional.

No percurso da sua vida tão preenchida a nível profissional, convém mencionar também outros aspetos. Magalhães Lemos foi diretor do Serviço Clínico de Clínica Psiquiátrica. Foi membro do Conselho Médico Legal, docente de Psiquiatria Forense no Instituto de Medicina Legal. A par disso, era presença assídua em várias conferências e encontros científicos, destacando-se o facto de ter escrito diversas obras da especialidade como, por exemplo, “Hallucinations de l’ouie” (Paris, 1912), ou “A Psiquiatria e a Neurologia no Porto: história e estado atual do seu ensino” (Porto, 1925).

Magalhães Lemos confirma-se, deste modo, como uma das personalidades mais relevantes da cidade do Porto à sua época e não só… O reconhecimento da sua vida e obra traduz-se, entre outras situações, na sua nomeação como Cavaleiro da Legião de Honra e Oficial da Instrução Pública de França. Faleceu na Invicta a 22 de julho de 1931, mas deixou um legado de conhecimentos que se confunde com o próprio passado do ISEP.