Investigação

Robôs autónomos para exploração de minas estão a ser desenvolvidos no ISEP
28-04-2016

O Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) está envolvido num projeto europeu de grande dimensão, que visa a construção de sistemas robóticos autónomos para exploração de minas inativas e parcialmente submersas. O Unexmin tem um custo de cinco milhões de euros, suportados integralmente por fundos comunitários do programa Horizonte 2020, e auspicia impactar a economia e a sociedade.

O projeto conta, além de Portugal, com a participação de mais seis países: Espanha, França, Reino Unido, Eslovênia, Hungria e Finlândia. As equipas portuguesas são responsáveis, particularmente, pela construção de três protótipos. “O INESC TEC está a endereçar o desenvolvimento dos robôs subaquáticos [é o parceiro com mais experiência neste campo] e está a dotar as plataformas robóticas das capacidades de perceção, navegação e mapeamento necessárias à exploração das galerias inundadas das minas”, explica o investigador e docente do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), José Miguel Almeida. “As condições laboratoriais do Centro de Robótica e Sistemas Autónomos do INESC TEC, no ISEP, nomeadamente o tanque de teste para as plataformas subaquáticas, vão ser também um recurso valioso para o desenvolvimento das plataformas”, acrescenta.

O objetivo é que o explorador robótico UX-1 permita obter importantes dados geofísicos, sem os riscos de segurança inerentes à utilização de mão-de-obra humana. Desta forma, pretende-se que os robôs percorram autonomamente, trajetos de alguns quilómetros com profundidades até 500 metros. Com esta tecnologia inovadora, as plataformas robóticas estarão praticamente por sua conta, uma vez que irão desempenhar, entre outras tarefas, o mapeamento do interior das minas, o contorno de adversidades ou ainda a recolha de informações.

“Além de todos os desafios a nível da robótica, o desenvolvimento de uma plataforma única – extremamente compacta, com um elevado nível de autonomia de operação, e a funcionar num ambiente complexo – torna este projeto muito interessante e motivador. Também é muito aliciante o fato de se destinar a desafios que estão ligados a necessidades concretas, neste caso da comunidade de Raw Materials”, afirma José Miguel Almeida. De facto, o Unexmin poderá vir a beneficiar a própria economia: “O sistema que se vai desenvolver pode ser uma ferramenta importante para obter informação valiosa sobre o estado de minas abandonadas, cenário que pode contribuir para a tomada de decisões da reabertura de certas minas.”

O primeiro teste do UX-1 vai decorrer, em março de 2018, na mina de quartzo de Kaatiala, na Finlândia. Segue-se nova experiência, em junho do mesmo ano, na mina de urânio da Urgeiriça, em Nelas, e em outubro na Eslovênia (em Idrija). Por fim, o robô vai ser submetido a novo exame, em abril de 2019, na mina de cobre de Deep Ecton (Reino Unido), submersa quase na totalidade e inacessível há mais de um século.

No total são 13 as entidades que participam ativamente no projeto Unexmin, nomeadamente: o INESC TEC, Geoplano (GEOP), Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), Portugal; Geo-montan (GEOM), Hungria; Sociedade Geológica da Eslovênia (CEoZS), Idrija Mercury Heritage Management Centre (cudhGL), Eslovênia; Universidade Tecnológica de Tampere, Departamento de Mecânica, Engenharia e Sistemas Industriais (TUT), Finlândia; Universidade Politécnica de Madrid, Centro de Automação e Robótica (UPM-CSCIC), La Palma Research S. L. (LPRC), Espanha; Resources Computing International Ltd (RCI), Ecton Mine Educational Trust (EME), Reino Unido e Federação Europeia de Geólogos (EFG), França.