Outro

QUALIDADE DO SUBSISTEMA DE ENSINO POLITÉCNICO
06-01-2014

«Saíram [recentemente] na comunicação social várias notícias que colocavam em causa a qualidade da formação no ensino politécnico.

Independentemente das palavras exatas proferidas e dos esclarecimentos posteriores, a verdade é que a mensagem que passou e que foi notícia de abertura em noticiários, nomeadamente nas rádios, levantou dúvidas sobre a qualidade da formação e consequentemente dos diplomados do ensino politécnico.

Estas mensagens destroem anos de trabalho na credibilização da formação ministrada no ISEP e na qualificação dos seus diplomados, não podendo, enquanto Presidente do ISEP, deixar de lamentar profundamente o teor das mesmas, tanto mais que não correspondem minimamente à realidade do ISEP.

O ISEP tem feito um esforço assinalável de qualificação do corpo docente, de requalificação e alargamento das instalações para ensino e investigação, de atualização e adequação dos curricula dos diferentes cursos que ministra, de procura das melhores práticas pedagógicas, de internacionalização, de reequipamento dos laboratórios e de envolvimento com o tecido empresarial que dificilmente encontram paralelo em todo o ensino superior português.

E fazemo-lo com constantes reduções do financiamento público e crescentes entraves burocráticos à nossa atividade.

Hoje, o investimento direto das famílias no orçamento do ISEP, através das propinas, representa um esforço superior ao do Estado, se aos montantes recebidos do Orçamento de Estado retirarmos os devolvidos ao Estado através de impostos diretos (pagos pelo ISEP, incluindo contribuições para a Caixa Geral de Aposentações e Segurança Social) e indiretos (suportados pelos funcionários docentes e não docentes).

Mas não somos nós que aferimos a qualidade da formação que ministramos. A sociedade, através dos elevadíssimos índices de colocação dos diplomados e de procura dos cursos, manifesta confiança inequívoca no desempenho profissional dos diplomados, fator último de avaliação da qualidade da formação.

Mas também a constante procura da investigação produzida no ISEP e os crescentes montantes que tem sido possível captar, nomeadamente no estrangeiro em concursos fortemente competitivos, mostra bem o reconhecimento de que o que fazemos é bem feito.

Os indicadores do ISEP, em todos os índices da sua atividade, comparam muito positivamente com a média do ensino superior português, embora dispondo de recursos, nomeadamente financeiros, muito abaixo da média. E, em vários casos, estão entre os melhores, mesmo quando comparados com instituições de ensino universitário.

Mas mais do que falarmos de nós próprios, relembro a atribuição dos cinco selos de qualidade EUR-ACE pela Ordem dos Engenheiros que, nas palavras do bastonário “representa(m) um novo ciclo de avaliação de qualidade de cursos de engenharia com critério reconhecidos a nível Europeu”. E em Portugal, mais do que cinco selos EUR-ACE, só há uma instituição que tenha.

Em consequência, afirmações públicas de pessoas com responsabilidades acrescidas no ensino, generalizáveis e proferidas com ligeireza, para além de claramente não traduzirem a realidade do ISEP, são profundamente desadequadas, injustas e em nada contribuem para a melhoria da qualidade do ensino superior em Portugal».

João Rocha, presidente do Instituto Superior de Engenharia do Porto