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Alumni.PT: Ricardo Pinto
21-06-2021

Ricardo Pinto foi estudante de Engenharia Mecânica Automóvel no ISEP e está a terminar o mestrado em Engenharia Mecânica - especialização em Gestão Industrial. Assume o cargo de formador técnico de colisão na Toyota Caetano Portugal, coordenando a atividade nacional de chapa e pintura da empresa. É também professor no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave. Adora artes e escreve poesia. E, se pudesse mudar algo no mundo, criava um mundo mais equitativo, com iguais oportunidades de desenvolvimento para todos.

- Como surgiu o interesse pela Engenharia?

Desde novo que sempre gostei de pensar e compreender o funcionamento de objetos e de máquinas. Atendendo a que a área de engenharia desenvolve bastante o raciocínio e pensamento critico, foram estes os argumentos que me fizeram optar por esta via profissional.  

- Porque optou por estudar no ISEP?

O ISEP é uma "casa de engenharia", muito reconhecida no mercado pela sua vertente teórico-prática. Sempre me identifiquei mais com a ação no gemba aliada a conceitos teóricos que sustentem essa ação. Não me revejo com um sistema de ensino meramente teórico/académico de "gabinete". Além disso, o facto de os docentes estarem ligados à indústria, torna-se na "galinha dos ovos de ouro" desta instituição.

- Para si, o que diferencia o ISEP de outras instituições de ensino?

Note-se que é cada vez mais importante o papel prático do engenheiro na ação/terreno. Posso dizer que em algumas viagens que fiz ao estrangeiro, em ambiente profissional, contactei com essa mesma realidade: engenheiros técnicos com um conhecimento/ação de terreno incrível. As empresas procuram este tipo de profissionais e, na minha opinião, este é o key value do ISEP.

- Algum docente ou colega o marcou durante a formação?

Sempre tive uma excelente relação com o corpo docente, o que me motivou a seguir o mesmo caminho (a minha verdadeira paixão, admito). Realço o professor Carlos Valentim (meu atual diretor na Toyota) pelo conhecimento técnico e maneira delicada com que lida com cada pessoa. Destaco também o professor Luis Miranda Torres (pela energia e motivação que o move e transmite aos alunos), Fernando Ferreira (pelo rigor técnico e exigência construída), Domingos Bastos (know-how excecional, e acima de tudo pelos valores Humanos que transmite nas suas aulas) e Pedro Meixedo (pelo conhecimento prático transmitido, sendo muito acessível). Não poderia deixar de referir o meu orientador da tese de mestrado, professor Francisco Silva, por todo o empenho, dedicação e força que me tem dado nesta fase tão importante do meu currículo académico.

- Se fosse hoje, voltava a escolher o mesmo curso? Ou que formação gostava de completar a Engenharia Mecânica Automóvel?

Sem sombra de dúvida. Felizmente desde que me licenciei, nunca estive desempregado e acredito que se deve, em parte, à instituição onde me formei. Atualmente, encontro-me a concluir o mestrado em Gestão Industrial. Estou a ponderar seguir doutoramento para, mais tarde, fazer carreira na via da docência. E neste sentido, agradeço ao professor Filipe Chaves (IPCA) pela oportunidade e convite que me endereçou de lecionar no ensino superior.

Por outro lado, gosto muito da área de artes. Quem sabe um dia se não tiro um curso de belas-artes, para os tempos livres (que cada vez são menores).

- Como decorreu a transição do mundo académico para a Toyota?

Não considerei difícil, nem um choque de realidade. O facto do curso de Engenharia Mecânica Automóvel disponibilizar aulas diretamente com a Toyota, facilitou muito essa transição. Mais que um trabalho, sinto que é uma escola, onde todos os dias sou confrontado com pequenas, mas muito importantes, aprendizagens.

- Que conhecimentos e experiências levou do ISEP para o mundo profissional?

Em primeira análise, parafraseando o professor Domingos Bastos: «difícil não é trabalhar, mas sim lidar com quem se trabalha, porque somos pessoas».  Penso que foi o maior "conhecimento transferível" do ISEP. É importante o conhecimento técnico/académico, mas o que nos distingue uns dos outros, é a maneira como nos interrelacionamos. E nesse aspeto, o ISEP foi fulcral. Depois conforme referi, o facto de todos os professores terem conhecimento de terreno, permite uma melhor integração no mundo do trabalho.

- O que é que o motiva no seu trabalho? O que mais valoriza?

Para mim, ensinar/formar é estar vivo. O facto de ter a oportunidade de poder transferir algum conhecimento para quem trabalha comigo na Toyota, é muito gratificante. Porém, o que mais valorizo é a oportunidade de, diariamente, aprender com profissionais de uma capacidade inacreditável. Deixo aqui um voto de agradecimento à minha equipa (departamento técnico Toyota Caetano Portugal).

O que mais valorizo é o respeito pelas pessoas. Para mim, sem isso, nada vale a pena. Em tempos idos, o meu avô disse-me uma frase, que jamais esquecerei: «no dia que subires uma escada e cumprimentares todos aqueles por que passas, se por algum motivo tropeçares num degrau, não te faltarão braços e mãos para te segurarem na queda. Caso contrário, baterão palmas».

- Que desafios encontra na Engenharia Mecânica dos nossos dias?

A constante evolução tecnológica é um desafio, que motiva qualquer um a estar atualizado. No que concerne à minha realidade, com o advento da eletrificação das viaturas, quem está na área técnica tem que se reinventar cada vez mais. O facto de as viaturas terem menos manutenção mecânica, obriga a que se desenvolvam opções alternativas para o após-venda. Também é importante apostar-se em novas hard skills, como programação, eletrónica e automação.

- Uma curiosidade sobre si.

Escrevo poesia e adoro artes.

- Se tivesse um livre passe para fazer o que quisesse…?

Dedicava-me unicamente ao ensino em regime de voluntariado, em países mais desfavorecidos. O facto de pensar que poderia contribuir para o desenvolvimento de crianças e jovens, já valeria a pena ter existido.

- Que mensagem gostava de deixar aos futuros engenheiros do ISEP?

Que sigam sempre o que gostam, sendo fiéis ao seu mérito. Na minha perspetiva, atualmente, mais que conhecimentos técnicos, é muito importante a capacidade da relação com o outro. Neste sentido, partilho a máxima da minha vida: «uma pessoa não é um meio para atingir um fim, mas sim, um fim em si mesmo». E, por último, estudem como o objetivo de aprender e não com a escravidão de obter uma média/nota.