Investigação

CIETI apoia produção de biocombustível a partir de microalgas e bagaço de cana-de-açúcar
03-06-2020

Centro de Inovação em Engenharia e Tecnologia Industrial – CIETI, grupo de I&D do ISEP, está a apoiar uma investigação para produzir etanol a partir da fermentação do hidrolisado lignocelulósico da biomassa da cana de açúcar e substratos residuais da biomassa da microalga Chlorella zofingiens.

ProEMiBiL é financiado pelo Instituto Marie Sklodowska Curie e faz parte do Programa Horizon 2020, com a coordenação de Nídia Sá Caetano, docente do ISEP, e Wilson Galvão de Morais Júnior, doutorado pela Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais (Brasil).

O objetivo do ProEMiBiL vai ao encontro de uma das metas publicadas na Diretiva da União Europeia, estabelecida pelo Comité Económico e Social Europeu que estabelece que, até 2030, 30% do combustível utilizado em transportes deve utilizar biocombustíveis limpos e eficientes em CO2 para reduzir as emissões de gases de efeito estufa provenientes de combustíveis fósseis.

"O bagaço é uma das fontes de biomassa mais abundantes e promissoras do mundo, obtida a partir do processamento de cana-de-açúcar. Outra fonte de açúcar para a produção de biocombustíveis e outras substâncias químicas, são as microalgas que mostram alta produtividade em comparação com as matérias-primas tradicionais", explica o investigador Wilson Júnior.

Assim, numa primeira fase, foi realizado um estudo sobre o cultivo da microalga Chlorella zofingiensis  e adotou-se a tecnologia e os parâmetros mais adequados para se obter uma quantidade significativa de biomassa. Para além disso, recuperou-se lipídios e carotenoides, utilizados noutros projetos (como, por exemplo, o EXTRATOTECA), maximizando as sinergias industriais numa ótica de biorrefinaria e economia circular.

A segunda etapa do ProEMiBiL visa selecionar as melhores condições do meio de fermentação e, posteriormente, escolher as leveduras que se adaptam ao meio, contendo inibidores formados durante o pré-tratamento da biomassa. "A partir da escolha da levedura com melhor desempenho na produção de etanol durante o processo de sacarificação e co-fermentação da biomassa de microalgas e do hidrolisado lignocelulósico da cana de açúcar, inicia-se a última fase para otimizar o processo simultâneo de sacarificação e co-fermentação, utilizando metodologias experimentais de planeamento para identificar variáveis significativas do processo e alcançar o rendimento máximo de etanol".

O projeto tem uma parceria com o Instituto de Catálise e Petroleoquímica, que faz parte do Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha, onde, segundo o investigador, "será realizado o estudo e aplicação de técnicas inovadoras para imobilização de enzimas, a fim de melhorar sua atividade e serem utilizadas na hidrólise enzimática da biomassa residual do pré-tratamento ácido".