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165 Anos em Revista: Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa
18-09-2017

Com uma história rica e vasta, mas sempre de olhos postos no futuro, o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) celebra o seu 165.º aniversário. Tratando-se dum marco incontornável, decidimos assinalar a data com o lançamento da rubrica “165 Anos em Revista”. Mensalmente, e até ao final do ano, serão revelados factos, curiosidades e personalidades pouco (ou nada) conhecidos no seio da instituição. Convidamos toda a comunidade a enveredar numa viagem sem igual a um passado que, por vezes, se confunde com o da própria cidade do Porto.

Reconhecido no ensino & célebre pelo Palácio da Bolsa

Gustavo Adolfo Gonçalves de Sousa nasceu no Porto, em 1835, tendo o seu nome ficado para a posteridade na construção de diversos monumentos, arruamentos, pontes e edifícios da cidade. Figura de relevo na Engenharia Civil portuense, esteve também envolvido nos movimentos militares do Setembrismo e da Patuleia. Mas foi na história do Ensino que deixou uma das suas maiores marcas ao dirigir o Instituto Industrial e Comercial do Porto (IICP), uma das escolas precursoras do ISEP.

Entre as suas vastas obras destacam-se, por exemplo, a direção do lanço da Estrada Real do Porto a Lisboa, compreendido entre Vila Nova de Gaia e Carvalhos, em que pela primeira vez se empregou o sistema de cilindragem de Polonceu. Outros dos casos mais notórios são a abertura da Avenida da Boavista, o Mercado Peixe, a Rua Sá da Bandeira, a Rua Mouzinho da Silveira e a parte da Rua da Alegria que dá acesso ao Largo de São Lázaro.

Gustavo Gonçalves de Sousa foi também responsável pelo orçamento e expropriações necessárias ao projeto do Parque da Cidade do Porto. A par disso, planeou e dirigiu o projeto da linha férrea entre o Porto e Leça da Palmeira e a construção de escolas primárias. No entanto, um dos feitos mais assinaláveis do seu legado está relacionado com a edificação do Palácio da Bolsa. Entre 1860 e 1879, foi ele quem dirigiu, fiscalizou e desenhou as obras deste ex-líbris portuense, tendo riscado a Escadaria Nobre e o famoso Salão Árabe.

Esta personalidade do século XIX destacou-se igualmente no ensino industrial. Nas escolas precedentes ao ISEP, lecionou Geometria Descritiva Aplicada à Indústria, Desenho Arquitetónico de Ornatos e outras disciplinas. Foi durante a sua direção, entre 1865 e 1899, que se lançaram as bases do que viria a ser o Ensino Superior a partir de 1905. Adepto da ligação entre a academia e a indústria, fomentou a modernização do ensino prático e promoveu diversos intercâmbios com os representantes do tecido empresarial, facto que contribui para o histórico reconhecimento do Instituto e do seu lema “saber fazer”.

Fruto da sua atividade de relevo em muitas frentes, Gustavo Gonçalves de Sousa foi agraciado com uma insígnia do governo francês por ocasião da Exposição Universal de Paris, em 1877. Mas a sua ligação umbilical ao ensino surge ainda representada noutra situação, quando remeteu para o Instituto Industrial e Comercial do Porto da Carta do Conselho de Sua Majestade. Mais uma vez, uma das individualidades que marcaram os primórdios da história da nossa instituição assumiu um claro papel de destaque no Porto do século XIX e, claro, em Portugal!