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165 Anos em Revista: Monarquia do Norte
04-08-2017

Com uma história rica e vasta, mas sempre de olhos postos no futuro, o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) celebra o seu 165.º aniversário. Tratando-se dum marco incontornável, decidimos assinalar a data com o lançamento da rubrica “165 Anos em Revista”. Mensalmente, e até ao final do ano, serão revelados factos, curiosidades e personalidades pouco (ou nada) conhecidos no seio da instituição. Convidamos toda a comunidade a enveredar numa viagem sem igual a um passado que, por vezes, se confunde com o da própria cidade do Porto.

A última grande revolta monárquica

A Monarquia do Norte ficou historicamente conhecida como a última profunda manifestação de revolta monárquica no País, em janeiro de 1919. Esta contrarrevolução teve origem na cidade do Porto pelas juntas militares favoráveis à restauração da monarquia em Portugal em plena 1.ª República portuguesa. Na altura, e no rescaldo da I Grande Guerra (1914-1918), muitos seguidores do rei D. Manuel II (exilado em Inglaterra) aproveitaram o ambiente geral de descontentamento para tentar tomar o poder.

O movimento contrarrevolucionário beneficiou do corte de comunicações com Lisboa, pelo que as forças militares republicanas demoraram algum tempo a reagir. De tal modo, os monárquicos fizeram ecoar a notícia errada de que a monarquia se tinha reinstalado em todo o Norte português. Durante 25 dias, os monárquicos moveram esforços com o objetivo de serem bem-sucedidos, contudo prontamente foram neutralizados, sem que a sua ação tenha deixado mossas na República. Desde então, e com uma divisão no seio dos monárquicos, nunca mais se voltou a repetir uma revolta com esta relevância pela causa real.

Como consequência deste acontecimento político foi instaurado, em março de 1919, no Instituto Industrial e Comercial do Porto (IICP), um auto para averiguar o eventual envolvimento de funcionários no âmbito da insurreição monárquica. Segundo os resultados, ficou provado que alguns dos objetos de telegrafia, nomeadamente uma bobina de Ruhmkorff, um manipulador de morse, um para-raios metálico e um relé, pertencentes ao Gabinete de Physica, foram levados do IICP para serem utilizados nas comunicações durante a revolta.

Este cenário motivou a exoneração de Paulo Marcelino Dias de Freitas do cargo de diretor do Instituto, tendo sido substituído por Manuel Marques Teixeira de Oliveira. Tal como é possível verificar, ainda que indiretamente, o IICP surge ligado a mais um momento marcante da história portuense e do século XX em Portugal. Definitivamente, com 165 anos, o ISEP oferece-nos uma viagem sem igual ao passado!