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165 Anos em Revista: Roberto Frias
14-07-2017

Com uma história rica e vasta, mas sempre de olhos postos no futuro, o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) celebra o seu 165.º aniversário. Tratando-se dum marco incontornável, decidimos assinalar a data com o lançamento da rubrica “165 Anos em Revista”. Até ao final do ano, serão revelados factos, curiosidades e personalidades pouco (ou nada) conhecidos no seio da instituição. Convidamos toda a comunidade a enveredar numa viagem sem igual a um passado que, por vezes, se confunde com o da própria cidade do Porto.

Médico e antigo docente dá nome a rua portuense

A rua Dr. Roberto Frias, situada na freguesia de Paranhos (Porto), é onde está localizada a Presidência do Politécnico do Porto (P. Porto). A toponímia deste local de passagem diária para milhares de estudantes está, contudo, intrinsecamente ligada à história do ISEP. Tendo este facto como pano de fundo, a nova edição da rubrica “165 Anos em Revista” trata-se, precisamente, de uma dedicatória a um nome incontornável da Medicina portuense, mas também a um antigo docente do Instituto Industrial e Comercial do Porto.

Roberto Belarmino do Rosário Frias nasceu em 1853, em Nova Goa (Índia), no seio de uma família com posses. No território indiano, realizou os estudos preparatórios liceais e fez o curso de Teologia do Seminário Diocesano. No entanto, quando se mudou para Portugal para ingressar no Ensino Superior, decidiu mudar o rumo da sua vida: primeiro passou a estudar Direito e depois Medicina. Ora, este facto não caiu bem aos seus pais, pelo que estes suspenderam o financiamento dos seus estudos. Com efeito, e ao matricular-se mais tarde na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, teve como condiscípulos diversas figuras ilustres da Medicina, como Júlio de Matos ou Basílio Teles. Na altura, Roberto Frias conseguiu mesmo assim pagar os estudos, fruto do seu próprio esforço ao dar aulas.

Ao concluir a licenciatura em 1880, entre louvores e prémios, Roberto Frias estava decidido a prosseguir os seus estudos no estrangeiro, nomeadamente nos hospitais de Paris (França), Londres (Reino Unido) e da Índia. Neste último, chegou a exercer como facultativo do quadro da saúde e a lecionar aulas, mas acabou por voltar à cidade do Porto. De regresso à Invicta, concorreu a Lente Demonstrador da Secção Cirúrgica e mais tarde da cadeira de Operações e de Clínica Cirúrgica, da Academia Politécnica do Porto.

Ao tornar-se num grande profissional, quis o destino que o ISEP, então denominado Instituto Industrial e Comercial do Porto, viesse a beneficiar dos vários conhecimentos de Roberto Frias. Em 1890, tomou posse como Lente Auxiliar da 11.ª Cadeira – Zoologia e Botânica Elementar e Higiene das Indústrias. Com a reforma do Ensino Industrial de 1905, o agora lente catedrático, passa a lecionar a 8ª cadeira 1º Parte Mineralogia / 2º parte Geologia, tendo sido substituído, após a sua morte em 1918, por José Amadeu dos Reis Castro Portugal (1870-1936), professor da Faculdade Técnica da Universidade do Porto. Roberto Frias é, assim uma de muitas personalidades incríveis, que figuram no imaginário da história dos 165 anos do ISEP. Morreu em 1918, mas o seu nome e memória continuam vivos devido à riqueza do seu legado.