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165 Anos em Revista: Parada Leitão
26-05-2017

Com uma história rica e vasta, mas sempre de olhos postos no futuro, o ISEP celebra o seu 165.º aniversário. Tratando-se dum marco incontornável, decidimos assinalar a data com o lançamento da rubrica “165 Anos em Revista”. Mensalmente e até ao final do ano serão revelados factos, curiosidades e personalidades pouco (ou nada) conhecidos no seio da instituição. Convidamos toda a comunidade a enveredar numa viagem sem igual a um passado que, por vezes, se confunde com o da própria cidade do Porto.

Homenagem a um dos homens que marcou a cidade do Porto

A Praça de Parada Leitão é um local de paragem obrigatória para milhares de pessoas, incluindo estudantes, habitantes e turistas. Do lado poente do edifício da Reitoria da Universidade do Porto, esta praça é uma das mais emblemáticas da vida académica e cultural portuense. Situado no coração da cidade, partindo deste espaço encontra-se o Jardim da Cordoaria e a Torre dos Clérigos a poucos passos de distância. No entanto, poucos saberão que esta conhecida praça deve a sua denominação ao primeiro diretor interino da Escola Industrial do Porto (EIP), fundada em 1852 e que está na génese do ISEP.

Nascido em Cernache do Bonjardim, no concelho da Sertã, em julho de 1809, José de Parada Silva e Leitão estava destinado a inscrever o seu nome para a posteridade no Porto. Senhor duma carreira militar por ocasião da causa liberal opositora à monarquia absolutista de D. Miguel, quando depostas as armas decidiu terminar o bacharelato em Filosofia e Matemática, pela Universidade de Coimbra. O major Parada Leitão destacou-se no mundo do ensino e do desenvolvimento tecnológico. Em 1837, foi nomeado lente da 8.ª cadeira – Física Teórica e Experimental da Academia Politécnica do Porto, que lecionou e dirigiu até 1875.

Entretanto, foi-lhe atribuída a carta do curso de Engenharia de Pontes e Estradas da Academia Politécnica do Porto, em novembro de 1866. Um dos momentos mais marcantes da frenética vida de Parada Leitão deu-se quando ajudou a instituir a EIP, que passou a denominar-se Instituto Industrial do Porto a partir de 1864, tendo assumido o cargo de diretor interino entre 1853 e 1863. Apaixonado pelas ciências exatas, o major nutria também um especial interesse pelo jornalismo, com efeito fundou o periódico “O Industrial Portuense” com Vitorino Damásio e Mouzinho de Albuquerque.

Parada Leitão participou ainda com Francisco António Gallo no primeiro ensaio de telegrafia elétrica, que ligou a Associação Comercial do Porto à Associação Industrial do Porto em 4 de abril de 1853. Ferreira da Silva publicou, em 1917, a “Homenagem à memória de José de Parada e Silva Leitão”, onde dedicou-lhe as seguintes palavras: “Era um nobilíssimo carácter, qualidade primacial de todo o homem culto. Mas foi também um dos mais ilustres representantes do professorado superior português do seu tempo.”