Investigação

ISEP desenvolve biossensor para deteção de organismos geneticamente modificados
30-05-2016

O Grupo de Reação e Análises Químicas (GRAQ) do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) desenvolveu biossensores para deteção de organismos geneticamente modificados (OGM), no âmbito do projeto europeu GMOsensor.

Esta investigação de caráter inovador surgiu como forma de estabelecer uma rede internacional eficaz e focada na análise dos OGM. No total, estiveram envolvidos 47 investigadores de cinco países diferentes – Portugal, Espanha, França, Brasil e Argentina –, tendo o GRAQ/ISEP assumido o papel de liderança, na qualidade de instituição proponente.

O GMOsensorMonitoring Genetically Modified Organisms in Food and Feed by Innovative Biosensor Approaches (em português, “monitorização de OGM em alimentos e ração através de biossensores inovadores”) – adquire relevância dada a larga escala geográfica abrangida no seu desenvolvimento. Todavia, a temática abordada merece também especial ênfase, uma vez que tem vindo a suscitar alguma polémica. Nos últimos anos, a introdução de OGM revolucionou a agricultura, nomeadamente pela existência de caraterísticas como a tolerância aos herbicidas ou à resistência aos insetos. Contudo, e apesar das vantagens mencionadas, os OGM têm desencadeado diversas preocupações.

“O projeto insere-se numa perspetiva de prevenção, controlo e segurança alimentar. Os organismos geneticamente modificados são muito polémicos. Na América do Sul [Brasil e Argentina], há uma grande produção de transgénicos. Assim, tivemos acesso a amostras privilegiadas que de outra forma não entrariam na Europa. Nesta área são precisos muitos estudos para se ter a certeza de que não existem efeitos secundários a longo prazo”, elucida a investigadora do GRAQ e docente do ISEP, Cristina Delerue-Matos.

Segundo a principal responsável pelo GMOsensor, com os esforços de investigação implementados criaram-se “genosensores, um tipo de biossensores”, que são “fáceis, rápidos, descartáveis e economicamente viáveis”, recorrendo a um sistema de deteção com meios eletroquímicos. Desta forma, é possível uma “maior celeridade nos diagnósticos precoces”. De facto, salienta-se a possibilidade de esta tecnologia ser aplicada em diversas áreas. “O princípio de construção deste sensor pode se utilizado para fins ambientais, segurança alimentar ou saúde.

Embora o projeto tenha oficialmente terminado, o tema continua a ser alvo de investigação por parte do GRAQ, motivando dissertações de Doutoramento e de Pós-Doutoramento. “O GMOsensor continua além da sua data de termo, evoluindo para outras abordagens e objetivos. Pretendemos orientar os conhecimentos adquiridos para responder a outros desafios”, afirma Cristina Delerue-Matos.  O sucesso dos resultados obtidos traduz-se não só pelo desejo de continuidade, mas também pelas inúmeras publicações em revistas científicas internacionais.

Entretanto, o GRAQ foi já contactado por uma empresa de rações que pretende usar os sensores. Há, assim, um claro interesse de entidades externas em explorar as potencialidades desta inovadora tecnologia.

No entender da investigadora, uma das mais-valias deste projeto está relacionada com a sua internacionalização. Apesar de algumas adversidades ao nível da coordenação, devido às diferenças de horários, o GMOsensor chegou a bom porto, contribuindo para elevar o nome do ISEP além-fronteiras. Além disso, reforçaram-se algumas ligações e criaram-se novas.

No processo de investigação o GRAQ/ISEP contou com os preciosos contributos de nove parceiros: Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agro-Alimentares (ICETA); Universidad de Oviedo (UNIOVI) e Universidad Complutense de Madrid (UCM), Espanha; Université de Paris Dideret (CNRS), França; Universidade Federal de Piauí (UFPI), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Pernambuco (UPE), Brasil; Centro Nacional Patagónico (CENPAT) e Universidad Nacional de Rio Cuarto (UNR), Argentina.